
Um corpo por aí!
“O esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos.” Schilder Um corpo por aí Como sabemos que temos um corpo? Construímos um contato consciente com o corpo a partir de uma escuta interna e externa. A possibilidade da relação com o outro e com o ambiente estimula a sensibilidade proprioceptiva do corpo, (Bruna Petito). Chegamos à 30ª edição do caderno corporal e convidamos você a questionar como o corpo contemporâneo vem sendo tratado e qual a importância de se ter uma boa relação, um entendimento de que corpo é este e como ele se organiza espacialmente – no sentido de reconhecer e alcançar uma saúde física e emocional equilibrada. Qual a importância da forma? O que seria sinônimo de “corpo adequado” – que corpos são estes “por aí” e qual seria o nosso papel enquanto profissionais do movimento somático de auxiliar o aluno/paciente a se relacionar bem com o seu próprio corpo? É sabido que um entendimento distorcido de nossa imagem corporal leva a transtornos psicológicos e alimentares que afetam seriamente a vida do indivíduo. Afinal de contas, o que é imagem corporal e qual a sua importância para o indivíduo? Existe uma diferença entre imagem e esquema corporal? Segundo a Dra. Bianca Thurm, convidada do nosso último Fala Inner, a imagem corporal é a maneira como o indivíduo enxerga o próprio corpo e como ele acredita que os outros o veem. A história da imagem corporal iniciou-se no século XVI, na França, com o médico e cirurgião Ambroise Paré, mas foi na escola britânica que os estudos sobre imagem corporal aprofundaram-se, tanto nos aspectos neurológicos quanto fisiológicos e psicológicos. Henry Head, neurologista do London Hospital, em suas pesquisas chegou na teoria de que o indivíduo constrói um modelo ou figura de si mesmo que constitui um padrão contra os julgamentos da postura e dos movimentos corporais: a isto ele chamou esquema Corporal. Posteriormente, uma maior contribuição foi dada por Paul Schilder, que utilizou de sua experiência na neurologia, psicologia e psiquiatria, passando a considerar a imagem corporal como um fenômeno multifacetado, não só uma construção cognitiva — mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação com os outros. Desta forma, a ideia de imagem do corpo para além dos fatores psicológicos e patológicos, encontra nos eventos diários uma contribuição para sua construção, podendo-se entender como fatores diários a relação do sujeito com o outro, com a mídia e com o ambiente em que ele está inserido. Segundo Schilder as sensações corporais envolvidas no desenvolvimento da Imagem Corporal não estão restritas às impressões táteis, térmicas e dolorosas, mas também àquelas provenientes de músculos e seus invólucros, tendões, inervações musculares e vísceras. A partir de uma experiência sensorial do mundo e de si o corpo adota uma nova postura ou movimento que permite à atividade cortical criar uma relação com cada novo grupo de sensações impressas pela alteração da plasticidade. (Schilder apud. Scatolin Guilherme) Alguns autores acreditam que existe diferença entre esquema corporal e imagem corporal. Cabe ao leitor tirar suas próprias conclusões porque elas vão além da ciência. Para alguns autores por exemplo, o esquema corporal tem a conotação de uma estrutura neuromotora que permite ao indivíduo estar consciente do seu próprio corpo anatômico, ajustando-o às solicitações de situações novas e desenvolvendo ações de forma adequada afirmando-se que a imagem do corpo constrói-se sobre o esquema corporal. Outros discordam dizendo que a ambigüidade introduzida pela dupla terminologia corrobora para alimentar a impressão de que existe um corpo neurológico e um corpo espiritual tendo que se fazer esforço para unir os dois corpos. Nós educadores somáticos trabalhamos com a ideia do corpo uno; assim sendo pode parecer paradoxal a distinção entre esquema corporal e imagem corporal, pensar em um conceito único auxilia na aproximação do corpo soma, termo cunhado por Thomas Hanna, não importando qual deles usar. Importa-nos um despertar corporal dos nossos alunos para que reconheçam as suas possibilidades e potencialidades a fim de desenvolverem uma autonomia sobre este “corpo por aí”. No Inner aprendemos que quando reconhecemos a verdade do nosso corpo emos a sua noção real e vivemos melhor com nós mesmos. A Rede Inner é um espaço aberto para novos olhares, saberes, buscando sempre conexões que nos enriquecem enquanto elementos integrantes da natureza e do universo. Nota: Para saber mais sobre distorção da imagem corporal acesse o nosso podcast Fala Inner Até a próxima edição. Constância Matos. Referências consultadas A imagem do corpo: as energias construtivas da psique https://revistas.pucsp.br/psicorevista/article/download/13586/10093/32702 Distorção da Imagem Corporal https://open.spotify.com/episode/2ImErMVHO8J91FRTfOtNCA?si=h3epWbEgRyiSqoi2uzIzGw ttps://www.scielo.br/j/pe/a/BdVkNyQDhTDqwsskWSR7Mtz/?format=pdf&lang=pt Educação Somática: seus princípios e possíveis desdobramentos http://www.revistarepertorioteatroedanca.tea.ufba.br/13/arq_pdf/educacaosomatica.pdf Imagem corporal na perspectiva de Paul Schilder. Contribuições para trabalhos corporais nas áreas de Educação Física, dança e Pedagogia. https://efdeportes.com/efd68/schilder.htm POST innerbalance_bp 22 de junho de 2022 https://www.instagram.com/reel/CfH73GmjTMc/?igshid=YmMyMTA2M2Y= O corpo cênico: movimento e imagem corporal. https://movimentoeimagemcorporal.wordpress.com/2013/06/05/imagem-corporal-a-descoberta-de-si-mesmo/