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A Sincronicidade Corpo e Mente

A Sincronicidade Corpo e Mente   É ilusório pensar que nossas percepções são diretas e precisas; o cérebro não se limita a receber dados brutos que provêm dos sentidos em vez disso, cada sistema sensorial precisa antes analisar, desconstruir para depois reestruturar as informações brutas que chegam de acordo com as conexões e regras intrínsecas.       Kendall Você já parou para refletir sobre o motivo que o faz sair de casa para uma rotina de exercícios? Ou sobre o que o impede de buscar uma vida mais ativa? Grande parte das pessoas buscam exercitar o corpo porque o médico disse que é preciso, pela forma estética ou depois que o corpo passa por um adoecimento e nunca pelo prazer de movimentar o corpo e promover sua autorregulação. Cada vez mais, estudos comprovam que buscar atividades objetivando somente resultados desfavorece as conexões dos sistemas que promovem a autorregulação do corpo. Isso acontece porque no lugar do sentir e perceber o corpo os seus pensamentos estão ocupados com preocupações, anseios/desejos, o que impede a escuta ativa dos sinais do seu corpo que pode estar tentando por exemplo, falar para você perceber a respiração enquanto se movimenta, que você sinta a relação do corpo e o ambiente ou ainda atentar para os indicativos de que já treinou o suficiente hoje e que você precisa dar tempo para recuperar os substratos necessários para manter seu corpo produzindo movimento; ou seja, mente e corpo precisam estar conectados, um na escuta do outro. Parece um pouco complexo entender este diálogo corpo e mente não é verdade? Confidencio a vocês que ao pensar em trazer este assunto para a 32ª edição do nosso caderno corporal pareceu-me algo menos complexo, mas descobri um caminho não tão fácil assim e ao mesmo tempo apaixonante. E para falar de como é processado esta relação de maneira a simplificar o entendimento encontrei interessante trazer a abordagem da Dra Lia Romano que enfatiza a insustentabilidade da dicotomia entre o somático e o psíquico, principalmente quando pensamos nos estudos atuais da Biologia, Neurociência e Movimento: segundo Lia, polaridades matéria/energia, cérebro/mente, neurogênese/psicogênese, corpo/espírito são aspectos do mesmo fenômeno, são palavras diferentes que se referem a mesma coisa. (Andreasen apud Romano, p. 165, 2022).  Lia nos recorda ainda que o trabalho conjunto dos sistemas nervoso, endócrino e sistema imunológico são essenciais para a manutenção do equilíbrio homeostático do organismo frente a um mundo em constante movimento. Você sabia que um dos primeiros sinais de que o corpo não está bem acontece no campo energético e isto acontece graças à capacidade da sensopercepção? Temos espalhados nos tecidos corporais receptores responsáveis em captar estímulos internos (viscero receptores e receptores para propriocepção) e externos (somatorreceptores) e os enviar para o Sistema Nervoso Central; processo que acontece mediante uma comunicação das vias aferentes, que utilizam a medula espinhal até a conexão com o tálamo, que se comunica com partes do encéfalo (córtex pré – frontal, córtex motor, córtex sensorial), regiões estas ligadas aos processos emocionais e da memória. Os neurônios centrais do córtex, subcortex recebem também estímulo do tálamo pelas vias aferentes provendo diferentes respostas:  Motora: que promove a relação do sujeito com o meio através do movimento/volição;.  visceral: mantém o equilíbrio do organismo através do SNA e do eixo HHA      (adaptando o organismo a situações entendidas como estressantes);  Sensorial: resposta às sensopercepções resultantes dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar, tato/dor, pressão, temperatura) e também na percepção da intuição; Racional: relacionada a sentimento, consciência, pensamento, memória, cognição e raciocínio;  Emocional: emoções e memórias afetivas. Vimos até aqui um apanhado de informações sobre os processos que precisam acontecer para que haja a conexão corpo e mente, mas qual a importância de conhecer estes processos? No Innerbalance, entender o funcionamento do corpo e mente nos é caro, pois acreditamos que as emoções estão diretamente vinculadas a neuroplasticidade cerebral e a autorregulação. Os trabalhos atuais sobre plasticidade cerebral mostram que a exposição às influências ambientais (psicológicas, biológicas, químicas e físicas) causam mudança no cérebro. Acreditamos que o cérebro pode mudar suas estruturas e sua química melhorando a forma do sujeito se organizar corporalmente no mundo pensando não só em funcionalidade das estruturas corporais, mas também nas respostas psíquicas e emocionais de forma a organizar-se e adaptar-se em um mundo que muda a todo instante. Acreditamos que a condução verbal precisa e gentil, o uso das imagens intuitivas levem o sujeito a organizar suas estruturas corporais, melhorando o quadro de dor e desconforto gerando bem estar e consequentemente uma melhor relação com suas emoções, com o ambiente e com o outro – conquista da Autorregulação. Sendo assim fica o convite de, ao invés de praticar exercícios porque te disseram que é bom ou para conquistar uma forma corporal, fazer deste um momento de conexão entre você e o seu corpo,. que você veja este momento como uma oportunidade de escutar, compreender e preencher-se de você. Afinal de contas é ele que te leva para o movimento da vida. *A Rede Inner é um espaço aberto para novos olhares, saberes, buscando sempre conexões que nos enriquecem enquanto elementos integrantes da natureza e do universo. Nota:  *Mova com a gente: https://mailchi.mp/dedf90ae38ef/studioinnerbalance *Acompanhe o nosso podcast “Fala Inner” com Monica Kestener https://open.spotify.com/episode/0AZgL7uUk0zbJBIg8Xu5N9?si=w7G8FxvGSV2iQwJG_8iD4A Até a próxima edição! Constância Matos   Referências consultadas MAGALDI FILHO, W. e outros autores. Fundamentos da Psicologia Analítica. São Paulo. Ed Eleva Cultural, 2022.  https://www.instagram.com/p/CjiCKjMLbhg/?utm_source=ig_web_copy_link

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Isto é coisa da sua cabeça

Às vezes, as reações corporais são mais drásticas do que o rubor breve ou uma lágrima ocasional. Suzanne O´ Sullivan Muito possivelmente você já ouviu queixas e relatos de dores lancinantes em pessoas que foram viradas do avesso e têm seus exames clínicos classificados como normais. Chegamos à 31ª edição da publicação quinzenal do nosso caderno corporal e mais uma vez vamos trazer o assunto DOR. Nesta edição não vamos tratar de falar sobre os tipos de dores existentes, mas sim pegar a trama tecida pelo convidado do Fala Inner, o Fisioterapeuta Lisandro Ceci, a fim de trazer um entendimento sobre o fato de que algumas pessoas têm seus exames clínicos normais e no entanto sua saúde física e emocional se encontra abalada por não encontrarem uma causa aparente para suas dores. Também é de nosso interesse fazer uma reflexão sobre como nós profissionais do movimento através de nosso trabalho podemos acolher e ajudar estes indivíduos desacreditados que um dia poderão viver mais felizes e saudáveis corporalmente, mesmo tendo em algum momento ouvido como diagnóstico a frase: “ISTO É COISA DA SUA CABEÇA” e hoje a têm impressa na mente e corpo. E realmente quando a dor não acontece devido a uma lesão a “coisa” toda pode ser da nossa cabeça, pois se trata de uma desordem química do sistema nervoso.  Keleman em “O corpo diz sua mente”, fala do poder do nosso sistema nervoso de conter nossa expressão, o nosso estado vibratório e de intensificar ou dissipar uma dor. Segundo Keleman, um corpo que se reconhece parte do ambiente tem a capacidade autorreguladora como aliada nos processos álgicos. Assim como Keleman, o Fisioterapeuta Lisandro acredita que a autopercepção, que é a capacidade de organizar a nossa paisagem interna e externa, potencializa o diálogo corpo/mente diminuindo as chances do sistema nervoso fazer uma interpretação perceptiva equivocada, evitando desta forma que ele pegue algo pequeno e o torne grande. Esta interpretação errônea de que o sistema nervoso tende a fazer, acontece em função da maioria das dores serem percebidas pelas mesmas áreas que processam as emoções. Algo que precisa ser lembrado é que os aspectos emocionais como: ansiedade, depressão, tensão e estresse também influenciam e podem acentuar os quadros álgicos. Talvez a primeira atitude de um profissional para com casos onde não se é encontrada uma lesão que justifique a magnitude de uma dor seja escutar o aluno/paciente. É muito comum nas salas de atendimento e consultórios a ausência de uma escuta ativa e sensível pautada numa boa comunicação, numa ressonância entre profissional e aluno/paciente. Quando a presença corporal de ambos entra em ressonância acontece a reciprocidade, este encontro entre dois corpos facilita o entendimento do aluno/paciente, da percepção do próprio corpo, do corpo do outro e do ambiente, facilitando o experienciar de si mesmo.  Outro fator corriqueiro quando não se encontra uma causa para as dores é classificá-las como um distúrbio “psicossomático”. Devemos tomar certo cuidado ao utilizarmos termos que muitas vezes agravam ainda mais o estado de ansiedade do indivíduo. Existe uma grande confusão conceitual deste termo, tanto na área da medicina quanto na área da psicologia. A conceituação moderna influenciada por Helen Dunbar e Jung é o que mais se aproxima dos estudos do corpo quando se fala em Educação Somática; é o entendimento de que não existe uma distinção entre mente e corpo, ou seja, é muito íntimo o inter-relacionamento dos traços psíquicos e corporais. Os transtornos psicossomáticos realmente existem e são considerados como doenças nas quais uma pessoa sofre com sintomas físicos expressivos causadores de sofrimento e deficiências reais não detectados em exames físicos ou clínicos. Estes distúrbios são singulares, não obedecem regras e podem afetar qualquer parte do corpo. Podem manifestar-se inclusive de forma agressiva como paralisia, convulsões, doenças autoimunes entre outras. Não vamos nos estender aqui pois este será um tema a ser abordado proximamente.  Deixamos aqui algumas perguntas importantes para você refletir acerca do seu papel enquanto profissional do movimento:  Você crê que seja pertinente dar corpo à educação terapêutica; mostrar para os alunos/pacientes que aprender sobre as coisas pertinentes ao funcionamento do organismo repercute em um estado de conscientização deste corpo no mundo/corpo vivo? Quanto ao entendimento do corpo vivo, realmente ele pode corroborar para a autorregulação e amenizar estados álgicos não complexos? Você tem respeitado a singularidade e subjetividade do seu aluno/paciente, lembrando que cada pessoa tem reações diferentes diante de um quadro doloroso? Tem considerado o estado emocional desta pessoa que chega buscando ajuda?  Vamos pensar sobre isto?  A Rede Inner é um espaço aberto para novos olhares, saberes, buscando sempre conexões que nos enriquecem enquanto elementos integrantes da natureza e do universo. Nota: Acompanhe o nosso podcast: Fala Inner com a Inner Monica Kestener Beijos e até a próxima edição.  Constância Matos. Referências consultadas  Keleman Stanley. O corpo diz sua mente. Summus Editorial – 2ª edição. São Paulo, 1996. O´ Sullivan Suzanne. Isso é coisa da sua cabeça. Histórias verdadeiras sobre doenças imaginárias. Ed Best Seller – 1ª edição. Rio de Janeiro, 2016 Toda Dor é uma percepção cerebral e toda dor crônica envolve neuropsiquiatria.  https://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4503 Post Inner Balance – Giovanna Marqueli https://www.instagram.com/reel/Ci0tCY4jnDC/?igshid=MDE2OWE1N2Q=