INNER SENSE
A melhor receita

Qual a melhor receita? 

“Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com ideias.”

               Immanuel Kant

          Você gosta de bolo? É bem difícil encontrar uma pessoa que não goste, acompanhado de um café, torna-se irresistível, não é mesmo? Pode ser que só de ter lido a palavra bolo isto tenha trazido à memória uma receita de família; da sua avó, mãe, tia, etc. Todos conhecemos os ingredientes básicos para um bolo simples: farinha, fermento, “açúcar, manteiga, leite e ovos”(quando não se tem nenhuma restrição a estes ingredientes ou ideal político). E a gente sabe que por mais que tenhamos uma receita/afeto e todos os ingredientes à mão o bolo nunca vai sair igual – ainda bem porque se assim o fosse, ele não seria tão especial. Também sabemos que à receita de um bolo simples pode-se agregar outros ingredientes e transformá-lo em por exemplo, um delicioso bolo de cenoura e chocolate (o preferido da criadora do método, a Bru Petito), em um bolo de laranja ou ainda abacaxi com coco e o que mais a criatividade e a imaginação ousar. Queria mesmo chegar nas palavras imaginação e criatividade algo que todos nós temos e que devido ao frenético estilo de vida contemporâneo vai se esvaindo em razão da falta de tempo, e quando nos damos conta estamos dando preferência a levar a dinâmica de “receitas de bolo” para o nosso trabalho. Soma-se a isto a educação que recebemos de reprodução, do copia e cola. Sabemos o quanto é desafiador sair deste círculo vicioso, é um exercício diário e muitas vezes falhamos. A 33ª edição do Caderno convida o leitor a refletir sobre esta organização pessoal para viver de forma saudável o aprendizado em um mundo onde diariamente temos acesso a tantas informações e referências fazendo com que preservar o que é intrínseco do nosso ser não seja uma tarefa fácil.

 Quando falamos de Educação Somática estamos justamente falando de uma pesquisa pessoal, de um conhecimento de si-mesmo; estamos a investigar um corpo “que não é só nosso”, um corpo atravessado por obrigações, metas, um corpo que tem uma história, um corpo que precisa lidar com as intempéries relacionais e da natureza propriamente dita. O Inner Balance veio ao mundo a fim de propor um novo olhar para os “moventes”, para o movimento e para o profissional Intrutor/facilitador. Podemos dizer que o Inner tem como Filosofia a conquista de uma unidade, um espaço para criar uma atmosfera de ressonância entre o facilitador – o aprendizado – o aluno/paciente – e o ambiente. O Método é um incentivador, possibilita que aos poucos o instrutor/facilitador e aluno/paciente se desprendam do modo operatório “receita de bolo” transformando a maneira de estudar e/ do próprio mover o corpo no mundo. De acordo com Jung o enfrentamento de um cotidiano que se apresenta com todas as suas demandas, com todas as suas exigências de dedicação, paciência, perseverança e sacrifícios, humildemente, sem visar o aplauso, sem grandes gestos heróicos é o desafio invisível mesmo em tempos de grande exposição nas redes sociais de todos nós seres viventes. Encontrar a nossa verdade, a nossa forma de trabalhar e estar no mundo é uma determinante para evitar a distração do si-mesmo. É fácil, fácil ficar fantasiando sobre aquilo que a gente não é, sobre o que a gente não tem. Difícil mesmo apesar de ser mais simples é ser aquilo que já somos. Sempre estamos olhando a grama do vizinho Se você é bom tecnicamente, exalte isto, se você é bom para compartilhar seus conhecimentos ministrando curso para formação de outros profissionais faça isto. Se você não descobriu ainda seu lugar, tudo bem. Cada pessoa tem seu tempo, tem a sua própria maneira de caminhar. Evite a comparação com o outro e coloque a sua luz, a sua verdade no seu trabalho. Você tem a opção de escolher o que você é e entender que cada pessoa foi criada para uma determinada coisa, que tem uma forma de se expressar e de compartilhar o conhecimento, o aprendizado. Lembre-se que o universo foi feito para todos. Quanto menos justificativa você der para sua existência, quanto menos você se comparar com o outro, menos importância a receita de bolo terá para a sua vida. Você vai “fazer o seu melhor bolo” a partir de uma receita criada por você. No começo será um gostoso bolo simples, mas que terá todo o significado do mundo. E assim que ganhar confiança passará a elaborar receitas muito mais complexas, mas não se esqueça, que o simples também é bom e que seguir firme mesmo depois de umas primeiras receitas terem desandado é uma forma de perseverar no propósito de deixar a sua contribuição para a história do outro e do mundo.  

*A Rede Inner é um espaço aberto para novos olhares, saberes, buscando sempre conexões que nos enriquecem enquanto elementos integrantes da natureza e do universo.

Nota: 

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Até a próxima edição!

Constância Matos

 

Referências consultadas 

BOLSANELLO Débora. Em Pleno Corpo. Educação Somática, Movimento e Saúde. Curitiba: Juruá, 2009. 

JUNG, Carl G. O Eu e o Inconsciente. Coleção Obra Completa de C. G. Jung. Vol. 7/2. Trad. Dora Ferreira da Silva. 21 ed. – Petrópolis: Vozes, 2008.

STEIN Murray. O Mapa da Alma – Uma Introdução. São Paulo: Cultrix, 5ª edição, 2006. 

Sobre Si-Mesmo – disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9835/9835_5.PDF

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