“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”.
Eduardo Galeano
Olá inners, a edição deste caderno traz uma reflexão acerca de como estamos realizando o trabalho nosso de cada dia. Você que nos acompanha certamente percebeu que há algumas edições estamos conversando sobre temas relacionados ao mundo do trabalho. Planejamento, procrastinação, assuntos pertinentes quando pensamos na organização do cotidiano de um profissional.
O que é ser profissional? Reformulando a pergunta: O que é ser um profissional do movimento? Você já pensou sobre o que te direcionou a escolha do que você faz hoje? Vocação ou dinheiro? Pesquisando sobre filosofia e trabalho encontrei uma fala da Filósofa e professora brasileira Lúcia Helena Galvão que compartilho com vocês: ela diz, que cada um de nós tem um recado para dar ao mundo e que diferenciam-se no mercado de trabalho, por mais simples que seja este trabalho, os que estão preocupados em beneficiar o outro. Os que reduzem um pouco o seu egoísmo e pensam no bem estar do outro. Segundo Lúcia Helena, vem acontecendo no mercado de trabalho a entrada de pessoas não vocacionadas que só se preocupam em ganhar dinheiro, resultando numa grande massa de profissionais medíocres que não ganham dinheiro algum e infelizmente entregam experiências não favoráveis para as pessoas que confiaram nelas. Mas o que diferencia um profissional de um amador? Steven Pressfield, autor com o qual seguimos dialogando, acredita que o amador leva a vocação como coisa secundária; quando sobra tempo vai lá e faz. O profissional alimenta seu sonho e tem compromisso com sua vocação todos os dias. Um profissional cria tempo, espaço e ordem para que venham a criatividade e a inspiração, já o amador espera a inspiração aparecer. Para Pressfield somos profissionais todos os dias quando comparecemos no nosso local de trabalho faça chuva ou faça sol, na saúde e na doença; lá permanecemos e cumprimos nosso compromisso com o trabalho. Um profissional trabalha horas a fio porque está comprometido a longo prazo com o que está fazendo, domina a técnica porque entende a importância dela e é remunerado pelo seu ofício. Já o amador não recebe remuneração, não comparece todos os dias e não domina a técnica de sua arte. O amador teme as críticas e permite-se abalar por elas, o profissional procura aprender e crescer com as críticas recebidas.
Perguntamos a vocês: como anda o empenho de vocês em relação a este “eu” profissional? Você reconhece no seu dia a dia que tem dado passos na direção do “devir” profissional? Como está a sua autovalidação no mercado que você atua? Tens reconhecido o trabalho dos que abriram o espaço para que hoje você possa atuar? Passfield chama a nossa atenção para as questões acima, dizendo que nos tornamos bons profissionais ao reconhecermos outros profissionais e nos permitimos realmente fazer parte deste time de profissionais. Quando assentimos ser guiados pelo nosso Self e não pelo nosso Ego reconhecemos as expertises dos colegas; e deixando de temê-las — aprendemos com eles porque o nosso Self nos guia para o pensamento de que a união e assistência mútua são os imperativos da vida. Ao nos darmos conta de que estamos todos juntos no mesmo barco, consideramos a ajuda, aceitamos as críticas construtivas de outros colegas que já conhecem o terreno o qual estamos começando a trilhar e assim acendemos um degrau da sabedoria interna.
Reconhecer nossas limitações, superar as adversidades, utilizá-las para reinventar a si mesmo faz parte do processo do “Devir profissional”. Saber quem somos, saber a que viemos (identificar o nosso propósito), saber onde estamos e onde queremos chegar facilita precificar o trabalho que ofertamos; tornando este processo natural como se é. Em suma, não temeremos e saberemos valorar o nosso dia, a nossa hora aula/ atendimento.
Obviamente que não devemos pensar na remuneração como uma recompensa e sim como parte do resultado, pois o retorno financeiro é parte integrante do “módus operandi” da sociedade. Como profissionais do movimento, levamos dentro de nós o olhar do artista. Olhamos para fora, mas buscamos dentro de nós o melhor para compartilharmos com o outro. Nos interessa o cuidado com o coletivo a partir do movimento, afinal somos profissionais do movimento em busca do mover a vida a partir das potencialidades do corpo. Achamos pertinente, levantarmos pontos, como: planejamento, organização do modo de trabalho; temas do mundo profissional nessas últimas edições do Caderno Corporal em função da rede Inner estar em plena expansão. Somos uma rede que se fortalece e que busca aprimorar suas práticas com um pensamento de um olhar não hierárquico; sempre prontos para mudar a rota se for necessário, desde que com questionamentos e discussões visando o respeito e a ética.
Aliás, esse será o assunto da nossa próxima edição. Nos acompanhe!
Até nosso próximo Caderno Corporal
Referências Consultadas:
• PRESSFIELD. Steven. A guerras da Arte Supere os seus bloqueios e vença suas batalhas interiores de criatividade. Rio de Janeiro. Ediouro, 2005.
• Professora Lúcia Helena Galvão. Como descobrir meu lugar no mundo? https://youtu.be/cVcLvtZqQqw