Escrito por Constância Matos
Tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro. Therèse Bertherat
Dezembro é um mês que nos convida a observarmo-nos como sujeitos em um mundo que está em constante movimento. Um filme vai passando pela cabeça sobre o ano que passou, outros passados e nos perguntamos da nossa relação com o futuro que já é amanhã, comportamento que sem percebermos nos distancia do momento presente. Querido leitor, não abdico aqui da importância de olharmos para o passado e traçarmos objetivamente as metas futuras, e sim questiono permitir que o nosso corpo se prenda há dois tempos que nos impedem a alegria de viver o aqui e o agora. Viver no passado e no futuro nos faz inconscientes da nossa presença, condição essencial para a plenitude do relacionamento conosco, com os outros e com o mundo.
Quando pensamos a ação “Ser Presente” da rede Inner, ação que estará acontecendo até o dia 21 de dezembro, o nosso objetivo era uma espécie de chamamento à reconexão da nossa casa/corpo com o “aqui e o agora”, um convite para organizar-se no tempo presente a fim de possibilitar a dança consigo mesmo, uma provocação ao encontro com o deleite do presente de reconhecer-se e sentir-se efetivamente sujeito no próprio corpo a partir do movimento consciente.
Acreditamos que por meio do movimento consciente podemos acessar o nosso interno, mergulhar nas nossas emoções e sentimentos, experimentar sensações na casa/corpo que potencializa a organização dos nossos pensamentos e ações. Cremos que mover o corpo nos torna mais críticos e politizados fortalecendo pensamentos que reorientam nossa forma de ver e estar no mundo.
Sabemos que o movimento para mudança de padrões é um caminho que exige disciplina e um olhar generoso para com o próprio corpo; por essa razão é que a nossa rede está em constante estudo e experimento corporal para acolher os futuros alunos/aprendizes, que chegam até nós com o objetivo de organizar-se no mundo a partir do movimento somático.
A bailarina e estudiosa do corpo Ádia Anselmi em seu livro “O Tempo da flor de florescer” diz que quando começamos uma uma prática corporal é natural que apareçam limites e que reconhecer os limites e as possibilidades do próprio corpo nos direciona a um mergulho nas nossas águas rasas e profundas; mergulho que ao fim nos proporcionará a alegria de um corpo vivo e presente.
Quando começamos uma prática corporal, logo aparecem nossos, e, sem reconhecê-los, é impossível encontrarmos a liberdade no movimento. […] conhecer os limites é essencial no caminho de consciência corporal; é experimentando-os que movemos”. P.76
A autora nos lembra que para haver uma “dança consigo mesmo” é necessário, viver o presente, “Estar” em nós direciona-nos a uma vida com mais plenitude e generosidade para sermos melhores pessoas para nós mesmos e para os outros. Estar atentos e presentes enche o coração de gratitude e contentamento! Que possamos todos dançar a alegria do “Ser presente”.
Beijos no coração.
Bibliografia consultada
ANSELMI Ádia. O tempo da flor florescer. 1. ed. Amélie Editorial. São Paulo, 2021
Cohen Monja. Aprenda a viver o agora. You tube https://youtu.be/lEbmZ-X8C9U. 2019.