“ Uma parte de subjetividade jamais estará ausente de qualquer pesquisa, até mesmo em ciências naturais
J. Feldman
Olá, sejam muito bem vindos! Nesta 26ª edição continuaremos a abordar o tema da pesquisa no campo prático-teórico. Na edição anterior trouxemos uma reflexão sobre o olhar investigativo, do pesquisador que existe em nós. A epistemologia da ciência, a ciência da ciência, a filosofia da ciência, nos levam por caminhos muito abrangentes e ao mesmo tempo fascinantes. É por meio dela que podemos traçar modelos de pesquisa científica e suas “validações”. Hoje trazemos aqui um processo de construção da informação; a pesquisa qualitativa e a subjetividade. A Teoria da Subjetividade, uma de nossas referências para construção deste texto nos mostra este lugar (do subjetivo) fundamental para o sujeito-terapeuta que pesquisa.
É muito interessante e rico observar a partir de uma linha do tempo um percurso trilhado seja ele nosso, ou de um método como o Inner Balance que já conta com 20 anos de existência. O Inner Balance está em franca expansão e desde a sua concepção, o pensamento de que a prática, a teoria e a pesquisa não estão separadas de si e do sujeito que investiga o corpo-ambiente é o seu norte. Sob a luz de um pesquisador do corpo, do qual encontramos um pensamento aproximado, convidamos você para mais um caderno corporal.
Danis Bois em uma de suas teses, defende que não há pesquisa sem a subjetividade do sujeito pesquisador. Ele fala de um paradigma que ainda nos dias de hoje persiste na academia; a de que o sujeito pesquisador deve abster-se de sua subjetividade. Para este isto seria um non-sense e diz ainda que isto seria afastar o pesquisador de sua própria humanidade, seria perder a riqueza que a subjetividade daria a própria pesquisa. Ao invés de afastar a subjetividade, o interessante por segundo Bois seria lançar mão, servir-se de uma “neutralidade ativa” denominada por ele como “o deixar vir a si”. Trata-se de, por mais envolvido que se esteja em uma pesquisa, o sujeito pesquisador sempre estará permeado pela presença de si, do outro corpo, do ambiente, permitindo que parte da consciência esteja aberta para a experiência do que se produzirá durante a investigação.(p.164). O pensamento da metodologia se aproxima do pensamento Bois no sentido de que o Inner Balance entende a subjetividade do sujeito pesquisador como uma âncora, passível de ser lançada em diferentes mares, mas algo importante para o processo de pesquisa do sujeito dentro do vasto campo disponibilizado pelo método.
Nomeado terapeuta-pesquisador, este profissional, hoje muito mais aceito no campo da pesquisa científica, apesar de ser considerado paradoxal, está em campo e também na pesquisa. Talvez haja uma maior resistência em áreas mais tradicionais, no entanto, o avanço de estudos e pesquisa nas áreas da neurofisiologia e neurociência, neurofilosofia e neurofenomenologia, tem trazido um novo olhar sobre o terapeuta-pesquisador. Nós, profissionais do movimento, devemos aproveitar este momento de abertura que escancara uma janela de possibilidades, no qual poderemos a partir da nossa experiência profissional levar casos que presenciamos em nossas práticas para serem discutidos, degustados e comprovados cientificamente.
O movimento de se distanciar e de se aproximar da sua prática, se deixar de lado, descentralizar, onde se duplica esse procedimento enquanto terapeuta-pesquisador não é fácil e precisa ser objeto de muita reflexão a fim de que o sujeito não renegue a sua subjetividade e sim tome partido dela ( Bois, p.158). Existem hoje campos da pesquisa que direcionam os interessados na área da pesquisa teórica e prática para um lugar de desenvolvimento dessa expertise.
Acreditamos que tudo muda o tempo todo, cremos na impermanência das coisas, não podemos permitir que se torne estático o que é conhecido por sua dinamicidade e multiplicidade: o ser humano.
O objetivo deste Caderno além de informar é o de fomentar dúvidas, questões e possíveis discussões.
A Rede Inner é um espaço aberto para novos olhares, saberes, buscando sempre conexões que nos enriquecam enquanto elementos integrantes da natureza e do universo.
Até a próxima e aproveitem para conhecer as referências que nos inspiraram para a escrita desta edição.
Referências consultadas
Peres Vannúzia – Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação – Rev. bras. psicodrama vol.27 no.1 São Paulo jan./jun. 2019 – http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932019000100016 (acesso em 01 de agosto de 2022)
Martin Marilene – Estimulação Espacial Dinâmica da Fáscia – EEDiF – https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/46671?show=full ( acesso em 01 de agosto de 2022)
Outras Mídias
Como mudar a sua mente – Documentário da Netflix
https://sechat.com.br/netflix-como-mudar-sua-mente-2022/
https://www.netflix.com/br/title/80229847?s=a&trkid=13747225&t=cp&vlang=pt&clip=81593887